Get all 17 Leo Fazio releases available on Bandcamp and save 35%.
Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality downloads of Kimané Session: Leo Fazio, Gambiarra Pra Cachola, CYBORGIAS, Beijo no Asfalto, Nem Cola Debaixo do Pé [Single], It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding) [Single], BDSM [Single], Não Vá Tão Longe [Single], and 9 more.
1. |
Uma Palavra e Nada Mais
01:45
|
|||
A cidade do inverso
o avesso do agouro
o cansaço do verso
o apelo, o abandono
o sagrado, a sangria
o castiço cachorro
a Camisa de Vênus
o perfume do Touro
as libras do vento
a virgem de ouro
retiram do tygre
o cordeiro tolo
desfeitos os nós…
|
||||
2. |
Cobra-Coral
02:43
|
|||
Cabeça abstrata
Como a praga
Que vaga e varre a noite
A foice me chama e em seguida me clama
Com sede, parada
Calada Me entrega tudo e eu não vejo nada
Mais nada a dizer, nada ao que morrer
Então, se eu morrer não chore não
Se eu viver não dê risada
Pois é só
Poesia
Cabeça equilátera
Que me acalma
Acalma, acalma, mas onde?
Caboclo sem cama
Pandora, Pindorama.
Às 13 no Páteo do Colégio
Me lavo a ponto de ser sacrilégio.
A ponte-estadia me terá logo, um dia
Mas não, se eu correr não caio não
Se eu correr, corri, mais nada
Pois é só
Correria.
|
||||
3. |
Sofia Suicidou-se
01:13
|
|||
Sofia suicidou-se da bala do revólver
Oh... Sofia
Sofia suicidou-se sem deixar recado
Oh... Sofia
Ninguém sabe porquê
Dizem os jornais:
"Sofia suicidou-se! Ultima edição!
Rica, moça e bela, por que morreu Sofia assim?"
Sofia suicidou-se da bala do revólver
Oh... Sofia
Sofia suicidou-se sem deixar recado
Deu na internet, em blogs e canais*
Ninguém sabe porquê
Dizem os jornais:
"Sofia suicidou-se! Ultima edição!
Rica, moça e bela, por que morreu?"
Sofria assim…*
|
||||
4. |
Porra
03:31
|
|||
Meu rapaz, que porra traz?
Que mal tu faz sem ver a mais?
Que porra faz
À quem não sabe quando é noite, quando é tarde,
Quando chega o covarde?
Porque a vida tudo leva
A morte é fria, só na espera
Dessa porra pra acabar
Mas que porra vai restar?
Sem ter a nada
Na cidade que acautela com a tal de febre amarela
Que não cansa de matar
Em caso de corte nos lares
Caminhe na tragédia e se mova aos pares
Todos em seus lugares
Tudo nas suas mãos
Então prossiga meu irmão
Pois porra nenhuma vai mudar
Mas que porra eu vou contar em minha chegada
Em porra de lugar nenhum?
No Cemitério do Araçá
Que é o meu lugar...
Aperte o cinto da esperança
Alimente a sua pança emparelhada com uma história de ninar
Em outra vida, outro clique
Encarando a tela fria
Embalado na retina
Emparalhando na Paulista
Encalhado na piscina de um chão chique
Encaralhado na farinha
Em outra porra de dia a demorar
Em volta da lua sangrenta
Ninguém mais lamenta a chuva de urubu
Então vai tomar no cu
Mas cuidado, rapaz
Dinheiro cagado fede demais
A ponto de ser amado
Por todo aquele vê asfaltado
Seu cérebro podre, acabado
Acabou-se o medo da grande revolta popular
Da população enrabada
Enrosco na cabeça de quem tem em si mesmo o Caos
E também não entende mais nada
Mas que porra engraçada
A minha geração que se sente culpada
Pela porra do lugar
Que já existe a muito tempo
Antes mesmo da estação da Luz
E o Viaduto do Chá
Mas mesmo assim nasça, cresça, ande e apareça
Sua palavra vale um tiro, vê se acerta na cabeça
Encontre a sua história la parada na memória
E veja glória que era sonhar e perceba
Que a vida não é moleza
Vai roubar tua mesa
Vai manter sua pobreza
Vai nutrir tua tristeza
A não ser que caminhe com os olhos em pé
Mas não mantenha sua fé
Se ela engole toda sua sanidade e gira em torno da maldade
Bem lhe quer, mal lhe quer na colher
Bem lhe quer, mal lhe quer na colher
Mas que porra é essa rapaz?
Mas que porra é essa?
Mas que porra é essa rapaz?
Mas que porra é essa?
Bem lhe quer, mal lhe quer, bem lhe quer, mal lhe quer…
|
||||
5. |
||||
Olha aqui pra mim meu bem
Não conto pra ninguém o quê esse olhar soprou
Olha que foi coisa rápida
Mas não me escapa o tempo que parou
Olha se pudessem ler cada palavra que teu olhar contou
Talvez ninguém mais faria outra canção de amor
Não fariam mais canções de amor
Pois a maior de todas você fez
Quando me sorriu de volta olhando outra vez
Olha aqui pra minha face
Presa nesse impasse, próxima estação
Olha aqui pra minha cara que hoje só dispara o tom dessa canção
Olha, mas não olha tanto
Como um solavanco você pode ser
Como quando a gente ama mas tem que esquecer
Como quando a gente ama
Mas por mais que deva não se esquece não
Lamentando na retira o Sol na contramão
Olho abalado, me calo com cada badalo, parado no chão
Olha, eu não consigo ver beleza em outros olhos
Não consigo não
A cada giro do compasso antropofágico eu caio então
Arame preso no fiapo, minha situação
Mas nenhuma situação me parece volátil
Me parece ser
Me desfaço nos teus poros olhando você
Olha aqui pra mim meu bem
Não conto pra ninguém o que esse olhar soprou
Olha que foi coisa rápida mas não me escapa
O tempo flutuou
Olha, a coisa aqui tá feia
Mas se vissem o que teu olhar contou
Talvez ninguém mais faria outra canção de amor
Não fariam mais canções de amor
Pois a maior de todas você fez
Quando me sorriu de volta olhando outra...
Quando me sorriu de volta olhando outra...
Quando me sorriu de volta olhando outra vez
|
||||
6. |
||||
Quando a noite nos cerca
A ferida que pesa
É aquela que a gente nem sabe se vem
E Lorena, não sei
Nem ela sabe,
Quis deduzir mas sentiu a saudade de ter imprevisibilidade no ar
De não saber onde nada vai dar
Mas de nada por que?
Não tem por onde nem começar?
Pensou Lorena em seu mundo de lá
Ouço o som da cuíca
Que geme, que grita
E chama Lorena para brincar
Mas ela não quer se arriscar
Pois já sujou seus sapatos demais
Ela passou por toda dinâmica
De espera demais pela continuação
Mas até hoje não soube lidar
Com a incerteza do que lhe pode chegar e mudar
Hoje os velhos que pescam
Na sorte e revezam
Comem as fezes dos peixes que pegam
E quando a cerâmica deu-se a quebrar
Lorena viu que não pôde mudar
Mas ela soube, assim por diante
Quão mais distante se faz o esperar
Ela viu beira-mar, quem se viu, quem se vá
Quem sabe Lorena não pôde mais calcular
Ouço o som da esperança
Alegre, mas manca
Tão suicida que pode falhar
Ela pode e deve e Lorena percebe
Que não há neve onde há de secar
E vai secando a cada estação com cara de ação
E Lorena se vê
Fugindo para onde quer que ela consiga olhar e então prever
Luzes, que piscam de noite
É hora do açoite
Hora do tombo, é hora do chá
Hora cabal
Onde o futuro enfim vai chegar e se revelar para Lorena,
E nada foi como ela pensou
Ela então suspirou,
De todas as vidas que ela provou
Talvez essa, não vista, foi a que mais se encaixou
Então hoje, depois de ontem
Depois de tudo,
Depois de um breve eterno amanhã
Que sempre vai Lorena vê que a vida não cabe em uma previsão
Ela chora então, cai sobre a mesa
Mas não de tristeza, esta já estava lá
Lorena viu, que na verdade essa vida é fase
E não vale tentar tudo adivinhar
E ela então prosseguiu sem ter mais que pensar
E segue então Lorena a suspirar…
Lorena a suspirar…
|
||||
7. |
||||
Querida, me arranhe
Querida, me arranhe
Na conversa só me arranhe
Querida, me assanhe
Querida, me arranhe sem ter pressa
Só me ganhe
Te peço, te sinto, me mostro, vivo
Te levo no mastro, me faça de gato e sapato
Me gasto
Deito na curva do seio
Me desfaço,
Então me acabo até demais
No fim do aconchego
Me mato
Por isso peço, querida, me arranhe
Me Arranje, me assanhe
Me cheire, me ame antes que a vida desande
Antes que o mundo nos deixe
Querida, me arranhe
Querida, me arranhe sem ter pressa
Só me arranhe
Querida me assanhe
Querida me arranhe na conversa, só, me arranhe
Antes que o nosso corpo desabe
Em um só...
Antes que o nosso sol se acabe
Num só nó...
E mais nada cabe aqui, pois o mundo agora é teu
E nada mais cabe ali, pois já senti, mas já morreu
Me negue, e depois de tudo isso, só mesmo a vida que seguirei
E depois de todas as canções e breves arranhões
Belos arranjos eu levei
|
||||
8. |
||||
Fato que foi um dia em que dona Valentina há de se lembrar por toda sua vida
Chegou um pouco mais cedo que de costume,
Ainda era escuro e fedia o chorume da feira passada quando percebeu
O crime de assassinato que ocorreu
Logo quando ela montava sua barraca de bolo de milho, café e cachaça
Ouviu disparos de dentro do Mercado da Lapa,
Correu assustada, mas foi pro lado errado
E logo se depara com uma cara de pássaro
Que a encarava...
“Olha, dona Valentina, eu te conheço dessa vida,
Seu patê de grão de bico é bom,
Mas se cê abrir o bico eu não vou ter pena não...
E nem me vem com essa de “”calma””
Fica calada,
Tu tem sorte de eu tá de máscara,
Se tu visse minha cara essa conversa ja tava acabada.”
O homem, sem dizer mais nada,
A olhou calada e apontou com as garras pro pó de café
Ela pegou a água da garrafa térmica
Sua mão tremia mais que suas idéias
E o copo se enchia e pingava pavor
E mesmo com o café pelando
Ele bebeu tudo a sangue frio num gole só
Só depois de comer um pedaço do bolo
Que o homem então voltou a falar
“Quanto é que foi? Toma aqui não precisa de troco,
Eu já tô indo embora, já vou vazando, mas presta atenção no que eu vou te soprar...
Ouça essa melodia que agora é sua e detém tua vida
Voltarei aqui todo dia e então
A assoviarei com a precisão de um carrasco em sua última missão
Se você não me der a resposta exatamente com as mesmas notas,
Morre a canção.”
O autor daqueles disparos tão afiados sumiu na sombra da da manhã fria
E o que era noite logo virou dia
E Valentina seguia com a companhia
Da sombra do medo que engolia sua paz
E logo às 9 horas da manhã a notícia já estava nos jornais
“Assassinato no mercado da Lapa, sem testemunhas e câmeras desligadas.”
E logo, às dezesseis horas por todo Brasil,
A cabeça de um homem já estava a prêmio
E logo mais a noite, com um tiro de fuzil
É que um oficial foi se pronunciar na TV aberta, em rede nacional
Pra falar:
“A busca foi concluída com grande sucesso, o suspeito já foi detido
E me espera aqui na viatura,
Pra darmos seguimento então ao 99° Distrito Policial
De São Paulo.”
E Valentina viu pela televisão, e então dormiu tranquila e aliviada
Rezou 3 Ave Marias e 4 Pai Nosso pra dar graças a Deus
E o dia seguinte veio mais uma vez,
E dessa vez após um pesadelo
Mas sem tempo pra se preocupar
Ela seguia então sua rotina diária
Pegou a barraca e foi trabalhar,
E seu filho pequeno, dormindo...
E o dia lentamente se pariu
Sem nenhuma parcela de receio
Mais de tarde, um olho, um rio
Uma voz, uma Kombi, uma falta de ar lhe veio
Após este calafrio, a tontura passou
Com um pio na espinha e a loucura de brinde
E logo na primeira nota
Daquele sombrio assovio que anunciava o perigo do pássaro
Para Valentina que estava a atender a clientela faminta
“Moça, quanto é que tá aquele lá? Moça, me vê um chá de hibisco?”
E Valentina assoviava na cara da gente que saia brava,
Mesmo a vendo chorar
E seu ouvido, absoluto
Não a deixava cometer o crime de se enganar
Assoviou todas as notas
Repetidas vezes até apagar
Já faz muito tempo que essa história aconteceu com a dona Valentina
E todos os espelhos então quebrados
Na esquina da sanidade
Refletem o fim da vida cansada
E da mente cegada pela rotina
Hora seguindo, hora morrendo
Mesmo que todos os dias ainda nos matem de receio
Em nosso meio impermeável é que acontece o doido
E o esmo em nossos dados de muitos lados
Quase sempre dão menos de dez
Com Valentina foi igual,
E com você?
Me diga qual crime é seu revés…
|
||||
9. |
Um Choro Calado
01:19
|
|||
Em caso de choro calado
Sem caso de amor ou conclusão
Com os ossos quebrados da história
Que sustenta essa nossa condição
Atravesse logo essa ponte molhada
A chuva passou, mas outra vem
Esteja bem longe de casa
Pra então se molhar muito além
Além do mistério profundo
Que há muito já foi solucionado
Mas nunca é deixada de lado a dúvida que o iniciou
Tantos olhares desertos
Vazios em seus próprios métodos
Tantos olhares amigos
Querendo seus anti-depressivos
A causa da dor indigesta descobriram,
Mas nada valeu
Em caso de choro, em todo caso
Goze da vida, do tempo
Isso é teu...
|
||||
10. |
Balada do Anjo de Barro
05:54
|
|||
Disparo por acaso
Quanto vale o silêncio
Quanto vale o sarcasmo
Que correm nas esquinas e vasos do tempo?
Ambivalente é o sonho,
Como a própria serpente carrego nos olhos
A fúria de mil e uma cabeças
Mas ao som me desfaço
Pois a noite me leva todo embaraço
Que o medo me entrega
Então me ponho a parir
Perigo na espera
Avisto a pantera em que habito
E o anjo de barro torcendo pelo seu fim
Percebo na sombra, o risco
Na segregação um capricho dispara
Com rosas de ouro herdadas no trono
E eu não valho mais nada, estou cego, sem voz
O silêncio vespertino é alarde
O choro da faca cega, covarde
Nego o rancor, mas ele é quem cuida da dor
Enquanto o anjo de barro
Completa seu plano de mais puro sarro
É tão reluzente
Mas leva consigo o terror
Ele então entra em cena,
Mas não merece a pena que pede
Sua máscara cai,
De longe consigo ver
Garante sua base forjada
Seu certificado é mais nada que um berço de merda
Que ele se orgulha de ter
Sua estabilidade é de lítio
Apodrece na língua o consolo que é visto
Mas eu sou de aço e embora fique fraco
Eu junto meus cacos e cresço até mais
Dispare por acaso
Quanto vale o desprezo, quanto vale o descaso
Que morrem, nas vitrines de nossas cabeça?
Nunca espere o consolo
Pois aquilo que te espera não é nada de novo
É a mesma esfera, que vai e volta sem fim
Hoje trago notícias
Pois traguei demais as minhas amídalas
Hoje,
Enfim consigo ser
Eu só acho uma pena
Que a alma que agora me acena
Não teve a oportunidade de me rever
Mas sigo em silêncio
Visto que este anjo de bosta é bem quisto
Me calo, do ódio me desfaço
Pois meu bem, tudo é pasto
Engulo na goela do ralo que é casa
E o ódio já não é mais nada pra mim
Não é mais nada pra mim
Não é mais nada pra mim…
|
||||
11. |
Serenata
03:18
|
|||
Hoje
Só hoje
Escute
A minha serenata
Serena, ingrata
Solene como a faca
Que corta meu peito
Que come a minha cara
De um jeito sara
Toda dor que há muito se fez
Escute só dessa vez
Pra depois de enlouquecer
Voltar tudo, voltar a seu real
Então sigamos afinal
Num dia,
No Alto da Mooca, em uma igreja
No pátio do Oratório se fez a nossa deixa
Perdidos na esfera, passada nossa espera
Comício de pernas dançavam pela peça
E você...
Visão que é tão boa de ter
Seus olhos ecoaram nos meus
Me fazendo parar e viver
Pela primeira vez
Mas hoje,
Só hoje
Escute
A minha doce e ingrata
Cantata, que canto pra ontem na hora errada
Espero que as palavras te sigam em disparada
Num tempo reverso e que acabem encontrando você
Num passado, na Lucidez
Ou num lapso de razão a nos ter
E te digam o que eu não pude dizer
Então, apenas digo que:
Hoje,
Só hoje
Escute
A minha serenata
E sinta o laço
Nossa linha emaranhada
Só hoje, escute
Antes que se desfaça
Me abraça, no orvalho da manhã que lhe virá
Mas logo irá passar, a não ser que o meu dizer
Crie uma fenda temporal
Na qual a gente possa viver
Continuando a se amar e se ter
E em uma outra realidade eu irei
Acordar e te ver outra vez
Mas nesta aqui eu sigo só
Caminhando
Me lembrando
Pela praça, pela mata
Pela pedra, pela sala
Pela noite em plena calma
Pela vida severina
Pelo silêncio atrás da retina
Vou lembrando, vou lembrando
Até que o batuque entregue essa linha...
E que a Noite Que Sempre Vem
Nos leve mais essa canção
A algum passado onde houve uma solução.
|
||||
12. |
Do Katendê
03:47
|
Leo Fazio São Paulo, Brazil
Described by NPR Music as a musician that makes "brilliant experimental sounds, with a knack for pushing the envelope on eccentric and electrifying spins of traditional Brazilian music", Leo Fazio (São Paulo, 1992) is a non-binary artist who works across a broad spectrum of experimental music idioms. Their first record was described as a modern classic by the portuguese newspaper Jornal Público. ... more
Streaming and Download help
Leo Fazio recommends:
If you like Leo Fazio, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp