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Sangue Pisado & A M​ú​sica do S​é​culo XXI

by Leo Fazio

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1.
A cidade do inverso o avesso do agouro o cansaço do verso o apelo, o abandono o sagrado, a sangria o castiço cachorro a Camisa de Vênus o perfume do Touro as libras do vento a virgem de ouro retiram do tygre o cordeiro tolo desfeitos os nós…
2.
Cobra-Coral 02:43
Cabeça abstrata Como a praga Que vaga e varre a noite A foice me chama e em seguida me clama Com sede, parada Calada Me entrega tudo e eu não vejo nada Mais nada a dizer, nada ao que morrer Então, se eu morrer não chore não Se eu viver não dê risada Pois é só Poesia Cabeça equilátera Que me acalma Acalma, acalma, mas onde? Caboclo sem cama Pandora, Pindorama. Às 13 no Páteo do Colégio Me lavo a ponto de ser sacrilégio. A ponte-estadia me terá logo, um dia Mas não, se eu correr não caio não Se eu correr, corri, mais nada Pois é só Correria.
3.
Sofia suicidou-se da bala do revólver Oh... Sofia Sofia suicidou-se sem deixar recado Oh... Sofia Ninguém sabe porquê Dizem os jornais: "Sofia suicidou-se! Ultima edição! Rica, moça e bela, por que morreu Sofia assim?" Sofia suicidou-se da bala do revólver Oh... Sofia Sofia suicidou-se sem deixar recado Deu na internet, em blogs e canais* Ninguém sabe porquê Dizem os jornais: "Sofia suicidou-se! Ultima edição! Rica, moça e bela, por que morreu?" Sofria assim…*
4.
Porra 03:31
Meu rapaz, que porra traz? Que mal tu faz sem ver a mais? Que porra faz À quem não sabe quando é noite, quando é tarde, Quando chega o covarde? Porque a vida tudo leva A morte é fria, só na espera Dessa porra pra acabar Mas que porra vai restar? Sem ter a nada Na cidade que acautela com a tal de febre amarela Que não cansa de matar Em caso de corte nos lares Caminhe na tragédia e se mova aos pares Todos em seus lugares Tudo nas suas mãos Então prossiga meu irmão Pois porra nenhuma vai mudar Mas que porra eu vou contar em minha chegada Em porra de lugar nenhum? No Cemitério do Araçá Que é o meu lugar... Aperte o cinto da esperança Alimente a sua pança emparelhada com uma história de ninar Em outra vida, outro clique Encarando a tela fria Embalado na retina Emparalhando na Paulista Encalhado na piscina de um chão chique Encaralhado na farinha Em outra porra de dia a demorar Em volta da lua sangrenta Ninguém mais lamenta a chuva de urubu Então vai tomar no cu Mas cuidado, rapaz Dinheiro cagado fede demais A ponto de ser amado Por todo aquele vê asfaltado Seu cérebro podre, acabado Acabou-se o medo da grande revolta popular Da população enrabada Enrosco na cabeça de quem tem em si mesmo o Caos E também não entende mais nada Mas que porra engraçada A minha geração que se sente culpada Pela porra do lugar Que já existe a muito tempo Antes mesmo da estação da Luz E o Viaduto do Chá Mas mesmo assim nasça, cresça, ande e apareça Sua palavra vale um tiro, vê se acerta na cabeça Encontre a sua história la parada na memória E veja glória que era sonhar e perceba Que a vida não é moleza Vai roubar tua mesa Vai manter sua pobreza Vai nutrir tua tristeza A não ser que caminhe com os olhos em pé Mas não mantenha sua fé Se ela engole toda sua sanidade e gira em torno da maldade Bem lhe quer, mal lhe quer na colher Bem lhe quer, mal lhe quer na colher Mas que porra é essa rapaz? Mas que porra é essa? Mas que porra é essa rapaz? Mas que porra é essa? Bem lhe quer, mal lhe quer, bem lhe quer, mal lhe quer…
5.
Olha aqui pra mim meu bem Não conto pra ninguém o quê esse olhar soprou Olha que foi coisa rápida Mas não me escapa o tempo que parou Olha se pudessem ler cada palavra que teu olhar contou Talvez ninguém mais faria outra canção de amor Não fariam mais canções de amor Pois a maior de todas você fez Quando me sorriu de volta olhando outra vez Olha aqui pra minha face Presa nesse impasse, próxima estação Olha aqui pra minha cara que hoje só dispara o tom dessa canção Olha, mas não olha tanto Como um solavanco você pode ser Como quando a gente ama mas tem que esquecer Como quando a gente ama Mas por mais que deva não se esquece não Lamentando na retira o Sol na contramão Olho abalado, me calo com cada badalo, parado no chão Olha, eu não consigo ver beleza em outros olhos Não consigo não A cada giro do compasso antropofágico eu caio então Arame preso no fiapo, minha situação Mas nenhuma situação me parece volátil Me parece ser Me desfaço nos teus poros olhando você Olha aqui pra mim meu bem Não conto pra ninguém o que esse olhar soprou Olha que foi coisa rápida mas não me escapa O tempo flutuou Olha, a coisa aqui tá feia Mas se vissem o que teu olhar contou Talvez ninguém mais faria outra canção de amor Não fariam mais canções de amor Pois a maior de todas você fez Quando me sorriu de volta olhando outra... Quando me sorriu de volta olhando outra... Quando me sorriu de volta olhando outra vez
6.
Quando a noite nos cerca A ferida que pesa É aquela que a gente nem sabe se vem E Lorena, não sei Nem ela sabe, Quis deduzir mas sentiu a saudade de ter imprevisibilidade no ar De não saber onde nada vai dar Mas de nada por que? Não tem por onde nem começar? Pensou Lorena em seu mundo de lá Ouço o som da cuíca Que geme, que grita E chama Lorena para brincar Mas ela não quer se arriscar Pois já sujou seus sapatos demais Ela passou por toda dinâmica De espera demais pela continuação Mas até hoje não soube lidar Com a incerteza do que lhe pode chegar e mudar Hoje os velhos que pescam Na sorte e revezam Comem as fezes dos peixes que pegam E quando a cerâmica deu-se a quebrar Lorena viu que não pôde mudar Mas ela soube, assim por diante Quão mais distante se faz o esperar Ela viu beira-mar, quem se viu, quem se vá Quem sabe Lorena não pôde mais calcular Ouço o som da esperança Alegre, mas manca Tão suicida que pode falhar Ela pode e deve e Lorena percebe Que não há neve onde há de secar E vai secando a cada estação com cara de ação E Lorena se vê Fugindo para onde quer que ela consiga olhar e então prever Luzes, que piscam de noite É hora do açoite Hora do tombo, é hora do chá Hora cabal Onde o futuro enfim vai chegar e se revelar para Lorena, E nada foi como ela pensou Ela então suspirou, De todas as vidas que ela provou Talvez essa, não vista, foi a que mais se encaixou Então hoje, depois de ontem Depois de tudo, Depois de um breve eterno amanhã Que sempre vai Lorena vê que a vida não cabe em uma previsão Ela chora então, cai sobre a mesa Mas não de tristeza, esta já estava lá Lorena viu, que na verdade essa vida é fase E não vale tentar tudo adivinhar E ela então prosseguiu sem ter mais que pensar E segue então Lorena a suspirar… Lorena a suspirar…
7.
Querida, me arranhe Querida, me arranhe Na conversa só me arranhe Querida, me assanhe Querida, me arranhe sem ter pressa Só me ganhe Te peço, te sinto, me mostro, vivo Te levo no mastro, me faça de gato e sapato Me gasto Deito na curva do seio Me desfaço, Então me acabo até demais No fim do aconchego Me mato Por isso peço, querida, me arranhe Me Arranje, me assanhe Me cheire, me ame antes que a vida desande Antes que o mundo nos deixe Querida, me arranhe Querida, me arranhe sem ter pressa Só me arranhe Querida me assanhe Querida me arranhe na conversa, só, me arranhe Antes que o nosso corpo desabe Em um só... Antes que o nosso sol se acabe Num só nó... E mais nada cabe aqui, pois o mundo agora é teu E nada mais cabe ali, pois já senti, mas já morreu Me negue, e depois de tudo isso, só mesmo a vida que seguirei E depois de todas as canções e breves arranhões Belos arranjos eu levei
8.
Fato que foi um dia em que dona Valentina há de se lembrar por toda sua vida Chegou um pouco mais cedo que de costume, Ainda era escuro e fedia o chorume da feira passada quando percebeu O crime de assassinato que ocorreu Logo quando ela montava sua barraca de bolo de milho, café e cachaça Ouviu disparos de dentro do Mercado da Lapa, Correu assustada, mas foi pro lado errado E logo se depara com uma cara de pássaro Que a encarava... “Olha, dona Valentina, eu te conheço dessa vida, Seu patê de grão de bico é bom, Mas se cê abrir o bico eu não vou ter pena não... E nem me vem com essa de “”calma”” Fica calada, Tu tem sorte de eu tá de máscara, Se tu visse minha cara essa conversa ja tava acabada.” O homem, sem dizer mais nada, A olhou calada e apontou com as garras pro pó de café Ela pegou a água da garrafa térmica Sua mão tremia mais que suas idéias E o copo se enchia e pingava pavor E mesmo com o café pelando Ele bebeu tudo a sangue frio num gole só Só depois de comer um pedaço do bolo Que o homem então voltou a falar “Quanto é que foi? Toma aqui não precisa de troco, Eu já tô indo embora, já vou vazando, mas presta atenção no que eu vou te soprar... Ouça essa melodia que agora é sua e detém tua vida Voltarei aqui todo dia e então A assoviarei com a precisão de um carrasco em sua última missão Se você não me der a resposta exatamente com as mesmas notas, Morre a canção.” O autor daqueles disparos tão afiados sumiu na sombra da da manhã fria E o que era noite logo virou dia E Valentina seguia com a companhia Da sombra do medo que engolia sua paz E logo às 9 horas da manhã a notícia já estava nos jornais “Assassinato no mercado da Lapa, sem testemunhas e câmeras desligadas.” E logo, às dezesseis horas por todo Brasil, A cabeça de um homem já estava a prêmio E logo mais a noite, com um tiro de fuzil É que um oficial foi se pronunciar na TV aberta, em rede nacional Pra falar: “A busca foi concluída com grande sucesso, o suspeito já foi detido E me espera aqui na viatura, Pra darmos seguimento então ao 99° Distrito Policial De São Paulo.” E Valentina viu pela televisão, e então dormiu tranquila e aliviada Rezou 3 Ave Marias e 4 Pai Nosso pra dar graças a Deus E o dia seguinte veio mais uma vez, E dessa vez após um pesadelo Mas sem tempo pra se preocupar Ela seguia então sua rotina diária Pegou a barraca e foi trabalhar, E seu filho pequeno, dormindo... E o dia lentamente se pariu Sem nenhuma parcela de receio Mais de tarde, um olho, um rio Uma voz, uma Kombi, uma falta de ar lhe veio Após este calafrio, a tontura passou Com um pio na espinha e a loucura de brinde E logo na primeira nota Daquele sombrio assovio que anunciava o perigo do pássaro Para Valentina que estava a atender a clientela faminta “Moça, quanto é que tá aquele lá? Moça, me vê um chá de hibisco?” E Valentina assoviava na cara da gente que saia brava, Mesmo a vendo chorar E seu ouvido, absoluto Não a deixava cometer o crime de se enganar Assoviou todas as notas Repetidas vezes até apagar Já faz muito tempo que essa história aconteceu com a dona Valentina E todos os espelhos então quebrados Na esquina da sanidade Refletem o fim da vida cansada E da mente cegada pela rotina Hora seguindo, hora morrendo Mesmo que todos os dias ainda nos matem de receio Em nosso meio impermeável é que acontece o doido E o esmo em nossos dados de muitos lados Quase sempre dão menos de dez Com Valentina foi igual, E com você? Me diga qual crime é seu revés…
9.
Em caso de choro calado Sem caso de amor ou conclusão Com os ossos quebrados da história Que sustenta essa nossa condição Atravesse logo essa ponte molhada A chuva passou, mas outra vem Esteja bem longe de casa Pra então se molhar muito além Além do mistério profundo Que há muito já foi solucionado Mas nunca é deixada de lado a dúvida que o iniciou Tantos olhares desertos Vazios em seus próprios métodos Tantos olhares amigos Querendo seus anti-depressivos A causa da dor indigesta descobriram, Mas nada valeu Em caso de choro, em todo caso Goze da vida, do tempo Isso é teu...
10.
Disparo por acaso Quanto vale o silêncio Quanto vale o sarcasmo Que correm nas esquinas e vasos do tempo? Ambivalente é o sonho, Como a própria serpente carrego nos olhos A fúria de mil e uma cabeças Mas ao som me desfaço Pois a noite me leva todo embaraço Que o medo me entrega Então me ponho a parir Perigo na espera Avisto a pantera em que habito E o anjo de barro torcendo pelo seu fim Percebo na sombra, o risco Na segregação um capricho dispara Com rosas de ouro herdadas no trono E eu não valho mais nada, estou cego, sem voz O silêncio vespertino é alarde O choro da faca cega, covarde Nego o rancor, mas ele é quem cuida da dor Enquanto o anjo de barro Completa seu plano de mais puro sarro É tão reluzente Mas leva consigo o terror Ele então entra em cena, Mas não merece a pena que pede Sua máscara cai, De longe consigo ver Garante sua base forjada Seu certificado é mais nada que um berço de merda Que ele se orgulha de ter Sua estabilidade é de lítio Apodrece na língua o consolo que é visto Mas eu sou de aço e embora fique fraco Eu junto meus cacos e cresço até mais Dispare por acaso Quanto vale o desprezo, quanto vale o descaso Que morrem, nas vitrines de nossas cabeça? Nunca espere o consolo Pois aquilo que te espera não é nada de novo É a mesma esfera, que vai e volta sem fim Hoje trago notícias Pois traguei demais as minhas amídalas Hoje, Enfim consigo ser Eu só acho uma pena Que a alma que agora me acena Não teve a oportunidade de me rever Mas sigo em silêncio Visto que este anjo de bosta é bem quisto Me calo, do ódio me desfaço Pois meu bem, tudo é pasto Engulo na goela do ralo que é casa E o ódio já não é mais nada pra mim Não é mais nada pra mim Não é mais nada pra mim…
11.
Serenata 03:18
Hoje Só hoje Escute A minha serenata Serena, ingrata Solene como a faca Que corta meu peito Que come a minha cara De um jeito sara Toda dor que há muito se fez Escute só dessa vez Pra depois de enlouquecer Voltar tudo, voltar a seu real Então sigamos afinal Num dia, No Alto da Mooca, em uma igreja No pátio do Oratório se fez a nossa deixa Perdidos na esfera, passada nossa espera Comício de pernas dançavam pela peça E você... Visão que é tão boa de ter Seus olhos ecoaram nos meus Me fazendo parar e viver Pela primeira vez Mas hoje, Só hoje Escute A minha doce e ingrata Cantata, que canto pra ontem na hora errada Espero que as palavras te sigam em disparada Num tempo reverso e que acabem encontrando você Num passado, na Lucidez Ou num lapso de razão a nos ter E te digam o que eu não pude dizer Então, apenas digo que: Hoje, Só hoje Escute A minha serenata E sinta o laço Nossa linha emaranhada Só hoje, escute Antes que se desfaça Me abraça, no orvalho da manhã que lhe virá Mas logo irá passar, a não ser que o meu dizer Crie uma fenda temporal Na qual a gente possa viver Continuando a se amar e se ter E em uma outra realidade eu irei Acordar e te ver outra vez Mas nesta aqui eu sigo só Caminhando Me lembrando Pela praça, pela mata Pela pedra, pela sala Pela noite em plena calma Pela vida severina Pelo silêncio atrás da retina Vou lembrando, vou lembrando Até que o batuque entregue essa linha... E que a Noite Que Sempre Vem Nos leve mais essa canção A algum passado onde houve uma solução.
12.
Do Katendê 03:47

about

Fonograma produzido por Everton Surerus em parceria comigo, durante os três meses da minha residência artística no estúdio Canil Recs em Juiz de Fora (Minas Gerais), no ano de 2018.

Todas as faixas foram escritas e compostas por mim - exceto a faixa 3 “Sofia Suicidou-se”, que é uma obra da musicista Jocy de Oliveira, lançada em 1959 no disco “A Música Século XX de Jocy”.

Bateria por Márcio Reis;
Baixo nas faixas 2 e 6 por Pedro Tavares e nas faixas 4, 5 e 10 por Everton Surerus;
Guitarra nas faixas 2, 6 e 9 por Everton Surerus;
Teclado nas faixas 6, 7 e 11 por Luiz Henrique Andrès;
Locução 1 na faixa 8 por Melissa Guedes.

Participações Especiais:

Poema sussurrado na faixa 1, de nome "Canção da Experiência", foi escrito e executado pelo poeta Leonardo Chagas, de Franco da Rocha (SP);
Sintetizadores na faixa 2 por Vítor Marsula;
Piano na faixa 5 por Gustavo Coutinho;
Backing vocals na faixa 6 por Murilo Sá;
Locução 2 na faixa 8 por Pedro Pastoriz;
Casio DG-1 na faixa 11 por Skipp Worm (aka. Alejandro);
Beat e sintetizadores na faixa 12 por Matheus Cornely.

Dos instrumentos executados por mim:

Violão em todas as faixas;
Voz em todas as faixas, exceto 1 e 12 (que são instrumentais);
Clarinete nas faixas 1, 2, 3, 6, 8, 9, 10 e 12;
Baixo nas faixas 7, 8, 11 e 12;
Erhu (violino chinês) nas faixas 1, 3, 7 e 12;
Violoncelo nas faixas 4, 7, 8 e 9;
Bandolim na faixa 4;
Cuíca nas faixas 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9;
Percussões nas faixas 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 11 e 12;

Foto da capa por Matheus Miranda;
Diagramação e edição por Leo Fazio.

Mixado e masterizado por Everton Surerus no estúdio Canil Recs.

credits

released January 9, 2019

Antes de mais nada, que se foda.

Agora, ao vomitar este disco eu me desfaço e me recrio mais uma vez, e que se foda de novo. E com este disco eu renasço e deste mesmo disco eu me descarto e o descarto completamente de mim, finalmente, pra eu poder enfim ser outra coisa, e outra vez que se foda.

Acho que posso afirmar que a minha maior inspiração para compor este disco foi "A Música Século XX de Jocy", álbum da musicista curitibana Jocy de Oliveira, lançado no ano de 1959.
Lá por Junho de 2018 eu mostrava algumas composições novas para o meu amigo - e ótimo músico - Luca Colferai, e também falava sobre os rumos artísticos que eu pretendia seguir, foi quando ele me mostrou o trabalho da Jocy de Oliveira, a partir daí tudo mudou pra mim, acho que eu consegui finalmente encontrar um norte mais próximo do que eu pretendia fazer, além de "apenas" Elis, Cartola e Milton.
Mas acho tudo começou mesmo um mês antes, em Maio de 2018, quando eu fui gravar as guitarras pro segundo disco da Molodoys no antigo estúdio/casa dos queridos da banda Goldenloki, aqui em São Paulo. Lá eu conheci o músico genial - e bastante caótico - chamado Filipe Alvim, que estava ficando por alguns dias com sua banda pra tocar pela cidade. Após o memorável show que aconteceu no dia seguinte ali mesmo estúdio dos Goldenloki, na madrugada do dia 19 de Maio, eu e o Everton Surerus - que alternava entre o baixo e a guitarra com Pedro Tavares - ficamos bem próximos e, após umas doses de álcool e papos musicais, ele me convidou pra "qualquer hora" ir gravar alguma coisa no seu estúdio em Juiz de Fora, o Canil Recs. Apesar da embriaguez eu botei fé no convite e aceitei.
No dia 19 de Julho de 2018 eu peguei minha carona rumo a Juiz de Fora e fiquei até o dia 19 de Outubro. Foram 3 meses de uma das experiências mais intensas que eu já tive, "música de guerrilha" como diria Márcio Reis. Neste tempo eu vivi e vi muita coisa - como por exemplo um fascista ser esfaqueado (infelizmente de modo não fatal) há poucos metros de onde eu estava, o mesmo facho que hoje infelizmente é presidente. Enfim, foi um período intenso pra mim, principalmente no que diz respeito ao meu psicológico e minha depressão. Mas o que me deu forças é que no meio de toda essa intensidade eu também conheci pessoas incríveis e toquei com outras tão incríveis quanto, algumas delas inclusive participaram deste disco.

Mas enfim, cê já deve estar de saco cheio de tanto ler. Sem prolongar mais, o resultado de toda essa intensidade e loucura e guerrilha artística você pode ouvir dando play nesse álbum, espero que goste, se não gostar que se foda tb.

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Leo Fazio São Paulo, Brazil

Described by NPR Music as a musician that makes "brilliant experimental sounds, with a knack for pushing the envelope on eccentric and electrifying spins of traditional Brazilian music", Leo Fazio (São Paulo, 1992) is a non-binary artist who works across a broad spectrum of experimental music idioms. Their first record was described as a modern classic by the portuguese newspaper Jornal Público. ... more

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